Você já se pegou pensando em como era o dia a dia no tempo dos seus avós? O que eles bebiam em dias de festas? Será que o refrigerante favorito dos seus pais na juventude pode ser a sua escolha também?
Na tentativa responder a estas perguntas, observamos o contexto social ao qual a os brasileiros estão e estiveram inseridos. O objetivo é compreendermos o comportamento do consumidor já que as questões culturais, sociais, pessoais e psicológicas afetam as suas decisões no momento de comprar.
O valor dos boomers e da Geração X
Os “BabyBoomers” são aqueles nascidos entre 1946 e 1964, pós Segunda – Guerra. Essa geração, que contribuiu para a reestruturação do mundo, tem como característica um maior conservadorismo tanto em suas ideias quanto atitudes. Priorizam estabilidade e, portanto, dão grande importância a coisas prosaicas, porém preciosas, como o valor da união familiar e a grandeza de cada pequena conquista.
Os filhos dos “boomers” compõem a Geração X, que corresponde aos nascidos entre 1965 e 1980. É uma geração que passou por um mundo em ebulição durante a juventude, mas que, posteriormente, tende a seguir os princípios de seus pais.
Ambas as gerações presenciaram a introdução de bebidas industrializadas nos lares brasileiros. Tratando-se de refrigerantes industrializados, apesar do início de sua produção no Brasil datar do princípio do século XX a bebida passou a se popularizar e cair mesmo nas graças do povo um tempo depois, sobretudo com a chegada em terras tupiniquins da Grapette, em 1948, sendo esse o primeiro refrigerante sabor uva do país.
Por ser ainda um momento de expansão e estabilização no mercado, consumir refrigerantes para essas gerações não era algo tão banal como hoje. Principalmente para os “boomers”, refrigerante era sinônimo de grandes festividades. Em seus costumes de valorar amplamente até mesmo as pequenas coisas, o consumo de refrigerante também foi abarcado neste conceito e se tornou praticamente um evento em si. Já seus filhos, da Geração X, viram isso em casa na infância e no relato dos pais e, portanto, mesmo com maior acesso, ainda mantiveram essa aura festiva ligada à bebida.
A hipérbole dos Millennials
A Geração Y corresponde aos nascidos entre 1981 e 1996. Também chamados de “Millennials”, os integrantes dessa geração recebem esse apelido justamente por serem aqueles que cresceram na “virada do milênio”. Apresentam uma ruptura significativa com as gerações anteriores e em contraponto à estabilidade confortável almejada pelos “boomers” e Geração X, os Millennials trazem a inconformidade e o desejo de construir suas vidas por seus próprios méritos.
Essas características se interligam com o momento em que essas pessoas cresceram e construíram suas personalidades. Em um cenário de atualização política criou-se um terreno fértil para pensar diferente, agir diferente, sem precisar manter o conservadorismo da geração de seus pais e avistando a possibilidade de não seguir apenas um caminho, mas sim poder escolher o melhor para si.
Todo consumo acompanhou essa onda de mudanças e nos anos 80 e 90, o Brasil vivenciou franca expansão e consolidação de diversas bebidas industrializadas, a se destacar os sucos em pó concentrados, com baixos custos e altíssimo rendimento e a popularização dos refrigerantes.
Refrigerantes dos mais diversos sabores e marcas ganharam espaço no mercado de forma que consumir esse tipo de bebida agora não mais era necessariamente sinônimo de grandes eventos, mas passou a ser um elemento do dia a dia, bem como os sucos em pó e preparados prontos, que passaram a acompanhar praticamente todas as refeições dos “Millennials”.
Apesar do vasto acesso e de seu consumo se tornar comum, os refrigerantes nunca deixaram de estar presentes em festividades, principalmente em reuniões familiares, o que lhes reservou um espaço afetivo e adicionou uma dose de nostalgia para qualquer celebração, independentemente da geração.
Geração Z e o novo olhar para o mundo
Os componentes da Geração Z são aqueles que nasceram a partir de 1997. É a primeira geração a nascer em um mundo completamente imerso na era digital e, por isso, apresenta grande intimidade com a tecnologia, tendo ela como forte aliada. Representa também uma geração que cresce em um momento de maior reflexão e consciência a respeito do impacto ambiental que produzimos e de possibilidades de uma vida mais sustentável, o que influencia diretamente no modo que percebem e vivenciam o mundo.
Preocupada em levar uma vida mais equilibrada e harmônica, a Geração Z passa a ter uma consideração muito maior pelo que consome. Com isso, a indústria de bebidas, em particular, a de refrigerantes está tendo de se reinventar. Novas formulações, sabores, marcas surgem todos os dias e, embora cresça a preocupação com a saudabilidade, o refrigerante continua estando presente na mesa do consumidor brasileiro em versões reduzidas em açúcar, de baixa gaseificação, com menor teor de sódio, com o mix de diferentes frutas, entre outras.
No final, somos todos história
Ao observar cada geração percebemos como seus hábitos de consumo estão diretamente interligados com o contexto social em que cresceram e viveram. Mesmo com um padrão geral bem estabelecido é importante atentar-se também para a vivência e experiência particular de cada indivíduo e como isso pode modificar completamente o modelo esperado.
Ao fim, constata-se que não há certo ou errado, melhor ou pior bebida, melhor ou pior forma de consumo ou alguma geração que possua uma postura melhor que a outra. Como sociedade somos construídos de toda essa história e cada vivência que a compõe é extremamente preciosa.